quarta-feira, 9 de março de 2011

O PRIMEIRO CONCÍLIO DA IGREJA


Pois havia surgido antes, “...uma agitação e tornando-se veemente a discussão de Paulo e Barnabé com eles, decidiu-se que Paulo e Barnabé e alguns outros dos seus subiriam a Jerusalém, aos apóstolos e anciãos, para tratar da questão”, (At 15, 2).
Devido a grande discussão, por causa da obrigatoriedade de submeter os novos cristãos as praticas da lei mosaica, como a circuncisão, se deveria comparecer em Jerusalém a presença dos apóstolos.
A verdade da Igreja se mantém por causa dos apóstolos e demais discípulos, como Paulo diz:“... Igreja de Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade”, conferir (Tm 3, 15). Aonde Paulo afirma que as três colunas que afirmam a Igreja são os apóstolos Pedro, Tiago e João: “Pelo contrário, vendo que a mim fora confiado o evangelho dos incircuncisos como a Pedro o dos circuncisos – pois Aquele que operava em  Pedro para a missão dos circuncisos operou também em mim em favor dos gentios – e conhecendo a graça em mim concedida, Cefas (aramaico rocha), Tiago e João, os notáveis tidos como colunas, estenderam-nos a mão, a mim e a Barnabé, em sinal de comunhão” (Gl 2, 7:9).
Quanto a "presidência do Concílio", Pedro e Tiago ocuparam os seus lugares na igreja de Jerusalém, Pedro iniciando a reunião e Tiago a concluindo. Não há referências para a outras constatações a respeito deste concílio.

Desenvolvimentos do Concílio

Entre eles estabeleceu-se uma dúvida e uma polêmica: saber se os gentios, ao se converterem ao cristianismo, teriam que adotar algumas das práticas antigas da Lei Mosáica para poderem ser salvos, inclusive o fazer-se circuncidar:
“Entretanto, haviam descido alguns da Judeia e começaram a ensinar aos irmãos: Se não vos circundardes segundo a norma de Moisés, não podereis salvar-vos.” (At 15, 1)
Paulo ao levar o cristianismo a outros povos não exigia a  circuncisão desses novos cristãos. Diante disso os presbíteros de Jerusalém se reuniram em torno de Tiago para fazer valer a "obrigatoriedade da circuncisão".


Paulo e Barnabé e alguns outros delegados de Antioquia chegam à Jerusalém e são recepcionados pelos apóstolos e presbíteros e/ou anciãos daquela igreja. Os dois missionários não discutem, apenas relatam tudo quanto o Espírito Santo realizou por meio deles e o numero grande de gentios que se converteram mediante a pregação do Evangelho. Mas, o grupo de ascendência farisaica insiste com veemência de que os gentios convertidos devem ser tratados como prosélitos judeus e se submeterem à circuncisão e ritos judaicos e suas reivindicações esta relacionada à interpretação que dão ao que Deus disse a Abraão em Gn 17.10-14 (cf Js 5.2-9) e a Moisés em Dt 5.28-33.

Tendo-se os ânimos esquentados, “Tornando-se acesa a discussão, levantou-se Pedro e disse: Irmãos, vós sabeis que, desde os primeiros dias, aprouve a Deus, entre vós, que por minha boca ouvissem os gentios a palavra da Boa Nova e abraçassem a fé.” (At 15, 7).
Paulo evoca sua autoridade sobre os não-judeus, sendo que na carta aos Gálatas Paulo diz que a Pedro cabia dirigir os judeus, enquanto a ele, Paulo, os não-judeus. Com Paulo estando presente, Pedro afirma que seu primado também se estende aos não-judeus, mesmo tendo se decidido que Paulo os evangelizasse; depois do discurso de Pedro todos se silenciaram.
“Agora, pois, porque tentais a Deus, impondo ao pescoço dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem mesmo nós pudemos suportar? Ao contrário, é pela graça do Senhor Jesus que nós cremos ser salvos, da mesma forma que eles. Então, toda a assembleia silenciou.” (At 15, 7:12).
Logo em seguida Paulo e Barnabé relataram as maravilhas e prodígios que Deus realizou entre os gentios por meio deles.
Por fim Tiago concordou com Pedro e concluiu dizendo: “Eis porque, pessoalmente, julgo que não se devam molestar aqueles que, dentre os gentios, se convertem a Deus. Mas se lhes escreva que se abstenham do que está contaminado pelos ídolos, das uniões ilegítimas, das carnes sufocadas e do sangue. Com efeito, desde antigas gerações tem Moisés em cada cidade seus pregadores, que o leêm nas sinagogas todos os sábados”. (At 15, 19:21)
A Carta Apostólica, que será seguida por toda a Igreja, é redigida segundo o parecer de Pedro, que Paulo e Tiago também concordaram. A Carta seguirá basicamente o discurso de Tiago, mostrando como estava a frente da igreja em Jerusalém após Pedro.

A Carta Apostólica

A Carta diz que:
“Os apóstolos e os anciãos, vossos irmãos, aos irmãos dentre os gentios que moram em Antioquia, na Síria e na Cilícia, saudações! Tendo sabido que alguns dos nossos, sem mandato de nossa parte, saindo até vós, perturbaram-vos, transtornando vossas almas com suas palavras, pareceu-nos bem, chegados a pleno acordo, escolher alguns representantes e enviá-los a vós junto com nossos diletos Barnabé e Paulo, homens que expuseram suas vidas pelo nome de nosso Senhor, Jesus Cristo. Nós vos enviamos, pois, Judas e Silas, eles também transmitindo, de viva voz, esta mesma mensagem. De fato, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor nenhum outro peso além destas coisas necessárias: que vos abstenhais das carnes imoladas aos ídolos, do sangue, das carnes sufocadas, e das uniões ilegítimas. Fareis bem preservando-vos destas coisas. Passai bem.” (At 15, 23:29)]


Apesar de ser tecnicamente mais correto considerar esta reunião um sínodo ou um concílio regional, esta primeira reunião magna cristã foi muito importante para o início do cristianismo, porque teve como principal decisão libertar a Igreja nascente das regras antigas da Sinagoga, marcou definitivamente o desligamento do cristianismo do judaísmo e confirmou para sempre o ingresso dos gentios (não-judeus) na cristandade.

Resumo:

O que é um concílio?
Concílio é uma reunião, uma assembléia para definições e acordos de pontos que estão fugindo ao alcance e que isso acontece quando uma obra ou instituição cresce.

Paulo e Barnabé acharam necessário convocar todos para o Concílio, e que foi presidida por Pedro, tarefa essa muito difícil já que os ânimos estavam muito exaltados, pois muitos defendiam o farisaísmo, esquecendo eles que Jesus criticava esses tipos de radicalismo.
Tiago foi decisivo na decisão final e na formulação da carta com as normas decididas na assembléia, como se fosse um pequeno estatuto (encíclica), onde iria percorrer por várias igrejas e que valeriam até os dias de hoje.


O que estava em pauta não era uma questão secundária, mas o ponto central do próprio cristianismo: para ser cristão era preciso antes se converter ao judaísmo? A salvação provida por Cristo esta vasubordinada aos ritos judaicos?

Uma vez resolvido as questões os apóstolos e demais lideranças entenderam ser oportuno emitirem uma circular esclarecendo oficialmente a questão dos gentios e enviaram através de dois representantes Judas, chamado Barsabás e Silas às igrejas em Antioquia, Síria e Cilícia.
O documento desautoriza quaisquer vozes dissonantes (At 15.1); elogiam e reafirmam o ministério missionário gentílico de Paulo e Barnabé; transcreve a decisão tomada em Jerusalém: “Decidimos, o Espírito Santo e nós, não impor sobre vocês (gentios) nenhum fardo” e por fim, as quatro restrições que foram solicitadas.


As comunidades gentílicas se alegram sobremaneira (15.31) pois agora não paira mais nenhuma barreira quanto a missão entre os gentios. A presença de Judas e Silas trouxe aquela atmosfera de fraternidade entre Antioquia e Jerusalém. Ao final de um tempo, Judas retorna a Jerusalém, mas Silas opta por permanecer em Antioquia e vai se tornar o novo companheiro de Paulo na segunda viagem missionária, em lugar de Barnabé que prefere investir no jovem Marcos e vai para sua cidade de origem Chipre.

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